O Quilombo Rio dos Macacos que fica na cidade de Simões Filho, região
metropolitana de Salvador, na Bahia, está provocando discussões em todo
o país? Por quê?
A Marinha do Brasil reivindica uma área onde moram várias famílias descendentes de ex-escravos.
De acordo com o relatório do Conselho de Desenvolvimento da
Comunidade Negra, a área era, há mais de cem anos, a fazenda Macacos,
pertenceu ao fazendeiro Coriolano Bahia. Antes de falecer, o dono da
fazenda prometeu dar a propriedade das terras aos seus empregados,
maioria de ex-escravos negros, óbvio que ficou só na promessa.
Com
a saída do fazendeiro, quem estava lá herdou as terras. Porém, por
deixar dívidas tributárias, Salvador se apropriou de partes da terra e,
em 1960, doou a área para os militares.
Há uma outra versão, a de Geraldo Gomes, que afirma ter nascido na
fazenda Valéria (Simões Filho) e que se criou na Fazenda Macacos, pois o
seu pai foi administrador da fazenda do período 1954 até 1967, diz que
nunca houve nenhum Quilombo naquela região, e que aqueles moradores eram
de uma invasão denominada Malvinas da Avenida Paralela em Salvador e
que foram desocupados pelo então governador ACM e chegaram lá por
conveniência de alguns militares que residiam na região.
Já a versão da Marinha do Brasil é que aquela área não é remanescente
de Quilombo, visto que muitos são oriundos do interior da Bahia, e até
mesmo de outros estados.
Mesmo abandonando a versão que afirma tratar-se de descendentes de
escravos, e abraçando as versões oficiais da Marinha do Brasil e do
Senhor Geraldo Gomes chegaremos à conclusão que pelo fato histórico,
aquelas pessoas têm o direito a propriedade daquela região.
O que quero dizer? No Brasil, não podemos nos apegar somente nessa
tese sociológica (de descendentes de quilombolas) para fazer valer a
Constituição Federal no que diz em garantir direitos aos negros e
índios. A tese histórica é tão importante quanto a sociológica, e por
ela, verifica-se que aquelas pessoas já estão há muito tempo e se não
são descendentes, são no mínimo remanescentes de escravos, mesmo vindo
de outra região, como alega a Marinha do Brasil e o Senhor Geraldo
Gomes.
Como diz o internauta Ricardo Cavalcanti-Schiel, em um desses blogues
que comentam a situação, “a História é mutabilidade por excelência. Ou
seja, não estamos diante de “comunidades” substantivas cujo critério
totalitário de reconhecimento seja a descendência. Não estamos diante de
“descendentes de quilombos”, mas de “remanescentes”, de um objeto que
se definiria, antes, pelo primado da coletividade e da invocação de uma
memória social de pertença, que se remonta à escravidão e às populações
que lhe estavam afetas. Nesse sentido, o território é a conseqüência da
coletividade, e não sua causa”.
Só que as provas da descendência de escravos daquelas famílias são
gritantes, a região é reconhecida mesmo por grandes latifúndios de
cana-de-açúcar. Ali há pessoas com mais de 70 anos e afirma ter nascido
na localidade, e mais, quero saber qual fazenda no Recôncavo baiano
existiu sem o trabalho escravo? Em qual tese trilhar no caso do Quilombo
Rio dos Macacos, chegará ao mesmo ponto, àquelas famílias têm direitos
sobre as terras em que vivem.
Finalizo aqui sem entrar na questão das supostas violências
praticadas por militares da Marinha às famílias do Quilombo. Quero
acreditar que a Marinha do Brasil está garantido o direito de ir e vir
daquelas pessoas, que não estão destruindo as suas casas, ameaçando-as,
impendido-os de plantar e colher as suas roças e que as crianças estão
freqüentando escolas como diz a Constituição.
Representantes da Marinha, acredito que aquele pedacinho de terra
ocupada por gente pobre e honesta não vai te fazer falta em questão de
propriedade ou de deixar o país mais inseguro, há muito tempo que navios
piratas ou de invasores não aparecem mais na Baía de Todos os Santos,
pare de mesquinhez a reconsidere essa luta desnecessária, por favor,
guarde energia bélica para inimigos estrangeiros da nação, que não é
caso desses brasileiros frágeis e filhos da Pátria Amada Brasil.
Fonte:Fabio Chaves/Pagina Simões Filho
Prazer em te conhecer Quilombo Rio dos Macacos!
Publicação por: Grupo Contra o Preconceito on 07:32. - No comments
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