O deputado João Campos (foto), do
PSDB-GO, líder da Frente Parlamentar Evangélica, admitiu pela primeira vez que o
chamado caso Palocci foi usado para pressionar a presidente Dilma Rousseff a
cancelar a distribuição do material do Projeto Escola Sem Homofobia, o kit
gay.
Antônio Palocci, que foi o primeiro ministro da Casa Civil do governo Dilma,
foi atingido no ano passado por denúncias da imprensa que davam conta do rápido
enriquecimento dele logo após as eleições. A oposição propôs a criação de uma
CPI para investigá-lo, mas não obteve apoio suficiente por falta de adesão dos
74 deputados da Frente Evangélica.
Em entrevista publicada ontem (23) pelo portal Terra, Campos disse que o caso
Pallocci não serviu “necessariamente” para cancelar o kit gay, “mas forçar a
presidente a nos receber, nos ouvir, já que buscávamos falar com ela há algum
tempo sobre esse assunto”.
Após esse encontro, Dilma anunciou, no dia 25 de maio, a suspensão do kit por
considerá-lo “inadequado” e de possuir vídeos “impróprios para seu objetivo”. Na
época, além da ameaça de dar quórum para a abertura da CPI do Palocci, os
deputados evangélicos estavam prometendo obstruir a pauta do Congresso.
Campos disse agora que o cancelamento do kit gay não foi uma vitória só da
bancada evangélica, mas também da sociedade brasileira. “O poder público não
pode financiar um programa que ia estimular os adolescentes a serem
homossexuais”, disse ele à repórter Angela Chagas. “Questão de orientação sexual
é algo que diz respeito à vida privada, não à escola.”
O ministro da Educação na época era Fernando Haddad, que atualmente, como
candidato do PT à prefeitura de São Paulo, tem rejeitado o kit gay, para não
perder o voto dos evangélicos.
O kit permanece como ponto de atrito entre a liderança do movimento de defesa
dos homossexuais e a bancada religiosa.
O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) está exigindo do governo uma explicação mais
convincente para a suspensão do projeto, na expectativa de que a campanha nas
escolas contra a homofobia seja retomada. Já para o deputado Campos, conforme
disse na entrevista, não faz sentido eleger um único tema para uma campanha.
“Por que não busca um programa para diminuir a discriminação como um todo,
inclusive religiosa, contra deficientes físicos, indígenas e quilombolas?”
Líder Evangélico admite que caso Palocci foi usado contra o kit gay
Publicação por: Grupo Contra o Preconceito on 12:16. - No comments
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