Existe "Cura" para os gays?

Sérgio Viula tentou deixar de ser gay
Sérgio Viula, de 42 anos, foi um dos fundadores do Movimento pela Sexualidade Sadia (Moses). O grupo é uma ONG evangélica que ajuda pessoas que desejam deixar de ser gay.
Sérgio é professor de inglês, filosofia e teólogo. Ele foi um dos que aderiu ao programa e abandonou a homossexualidade. O carioca casou, teve dois filhos e acompanhou de perto os métodos de reorientação sexual praticados pela ONG.
Em entrevista ao site "Eleições Hoje", Sérgio disse que as ações em busca da mudança de orientação sexual não funcionam e que só causam dor a quem se submete passar por elas.
Na verdade, ex-gay não existe, é pura auto-sugestão. Eu comecei a ir à igreja e percebi que os homossexuais não tinham como lidar com suas dificuldades, por falta de orientação das lideranças, então decidi fundar o Movimento pela Sexualidade Sadia, junto com João Luiz Santolin e Liane França. Foi aí que comecei realmente a dizer em momentos oportunos que era ex-gay, conta Sérgio.
O carioca conta que hoje sabe que estava se enganando, mas pensava que sua atração por homens poderia desaparecer com orações e dedicação a Deus.
No grupo, basicamente, pensávamos que ser gay fosse pecado, que devia ser confessado e abandonado. Para isso fazíamos proselitismo, aconselhamento, oração, pregação, recomendávamos certos livros, leitura bíblica, coisas que os crentes geralmente fazem, mas com foco na homossexualidade, sempre demonizando a homoafetividade, infelizmente.
Sérgio trabalhou no Moses por quase 7 anos, de 1997 à 2003. Segundo ele, o grupo realiza uma lavagem cerebral entre os participantes. Você tem que se isolar do seu antigo círculo de amigos, começar a se enfiar nas reuniões da igreja, fazer sessões de aconselhamento, orar, jejuar, essas coisas. Quando acontecia de alguém se envolver com outro homossexual, ele tinha que confessar o que fez, entrega ele.
Mas, apesar de toda prece, ele diz que ninguém deixava de ser gay. Houve relacionamentos até dentro do grupo, entre uma atividade e outra da igreja, eles sempre arrumavam tempo pra isso. E tem gente até hoje repetindo esse discurso imbecil.
O professor também comentou sobre os discursos homófobicos proferidos pelo pastor Silas Malafaia. Ele atua na base da má-fé mesmo, com interesses financeiros, projetos de poder, etc. E diz ele que nunca foi gay, será? Fico muito desconfiado de gente que gasta tanta energia e dinheiro para combater algo que não tenha nada a ver consigo mesmo.
Sérgio resolveu se assumir de vez, depois de uma viagem à Cingapura, quando ficou com um filipino. Houve perseguição por parte do "Moses", muita gente ficou em choque. Mas meus filhos nunca criaram problemas. Ele conta que hoje as crianças tem um bom relacionamento com ele e seu parceiro, Emanuel. Conversão religiosa que não admite sua homossexualidade não merece seu tempo e talento, encerra o professor.

2 comentários:

É... veja bem: É comum as pessoas lançarem acusações de que é sempre o outro o arrogante, o sabe-tudo e por aí vai. A mim, essas acusações, às vezes me atingem, às vezes não. Mas são exatamente isso: acusações! Não sou dono da verdade de nada. O que posso dizer é que diante de certos temas, possuo certa competência. Que mal há nisso? É preciso reconhecer as habilidades das pessoas. Tenho algumas, não tenho outras (várias).

Isto posto, adentro o assunto da postagem: Nunca me fez qualquer sentido pensar que ser gay era coisa do diabo, que qualquer religião pudesse mudar isso ou, ainda mais essa: que houvesse uma cura para a homossexualidade.

Sem desprezar a contribuição do Sérgio - e é preciso que se entenda profundamente esta intenção - afirmo que sequer é preciso vivenciar algumas experiências para saber que elas apresentam diversos limites, problemas, conflitos.

A saber: se fosse possível ser ex-gay, haver-se-ia de redefinir o conceito de orientação sexual. Pois, insisto: Assumindo tal hipótese, exclui-se a possibilidade de ter EXISTIDO, de existir no presente e também no futuro um único gay sequer.

Explico: aquilo que se pode APARENTEMENTE deixar de SER é porque, DE VERDADE, nunca se foi e, no máximo, se ESTAVA SENDO. O termo SENDO refere-se a uma interpretação, a um parecer, a um comportar-se como.

Ex. banal: Pode-se parecer rico, vestindo-se roupas caras, frequentando-se locais glamourosos, comportando-se de tal modo... Tudo isso sem que, de fato, se seja rico.

Cabe salientar que isso não significa SEMPRE a uma escolha CONSCIENTE, a algo proposital!

Afirmar isso seria o mesmo que pressupor todo mundo como farsante, como falso.

Então, detecta-se que na vida moderna, um paradigma criado - talvez desde o estabelecimento da Ciência no sentido atual (acerca do século XVII?) de que a experiência seja mais capaz de atribuir verdade que outras propostas.

Até os ditados populares sequestraram tal paradigma: "É vivendo que se aprende".

Ora: este "vivendo" refere-se mais à experimentação, à relação com as coisas do mundo, que ao sentido biológico de vida.

Ops: Voltando ao foco...

Se alguém É gay, o máximo que se pode fazer é, a despeito do que já argumentei acima, fazer alguém PARECER, se convencer de que deixou de ser o que se é.

Esta é a façanha central de QUALQUER método de "cura": o engodo.

Também a homossexualidade não é, de forma alguma, um comportamento genético. Pelo menos no sentido "genético" que é considerado pelas ciências biológicas.

Ora, não faz sentido, atribuindo-se a formidável e complexa organização da espécie humana, admitir que no DNA de um organismo que desenvolva toda a estrutura física atribuída ao gênero masculino, o "gene gay" prevaleça.

Portanto, ou não há o GENE-GAY coisa alguma ou temos de admitir que a genética exige outra lógica que não a nossa atual.

Tampouco homossexualidade é doença, pois em nada mais diferencia-se o homossexual do heterossexual a não ser a orientação sexual. Sequer poder-se-ia dizer que o homossexual não pode, eventualmente, praticar o ato sexual com a pessoa do sexo oposto. Muito menos dizer, por exemplo, que homossexual "rasga dinheiro", "come cocô"... Enfim, que seja incapaz dos mesmos erros e acertos que heteros façam.

Então segue um palpite para a resposta à questão "O que faz uma pessoa ser homossexual?"

É sua homossexualidade.

Obrigado por reproduzir a reportagem. É oportuno denunciar as falácias do movimento dito 'ex-gay', especialmente num momento em que o senado e a câmara estão cheios de gente que defende exatamente esse engodo.

E só lembrando que quando caí nessa armadilha eclesiástica eu era um adolescente inexperiente. Há mais de 8 anos deu um basta nisso tudo. A filosofia também só veio depois que eu já tinha saído do armário. Por isso, denuncio tanto quanto posso essas obviedades que para muita gente iludida como eu aos 16 anos não são tão óbvias assim.

Convido você e seus leitores a darem uma passadinha no www.foradoarmario.net (meu blog pessoal). Tem muita coisa legal por lá.

Abraço a todos e todas!
Sergio Viula

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