Temas como legalização da maconha e
criminalização da homofobia também pautaram evento, que levou ao menos 1 milhão
às ruas em SP
A 19ª edição da Marcha para Jesus, uma das
maiores manifestações religiosas do planeta, se transformou em um ato de afronta
ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ameaças aos políticos por parte de
lideranças evangélicas. Apesar dos esforços dos organizadores para restringir o
enfoque a temas religiosos, assuntos como a união civil de pessoas do mesmo
sexo, homofobia e legalização da maconha acabaram dominando os discursos de
alguns líderes religiosos.
"A marcha não deixa de ser um ato político",
resumiu o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), ligado a Igreja Universal do Reino
de Deus. O discurso mais radical foi do pastor Silas Malafaia. Com palavreado
vulgar, usando termos como "otário" e "lixo moral", Malafaia atacou duramente a
decisão do STF de legalizar a união estável entre pessoas do mesmo sexo. "O STF
rasgou a Constituição que, no artigo 226, parágrafo 3º, diz claramente que união
estável é entre um homem do gênero masculino e uma mulher do gênero feminino.
União homossexual uma vírgula", disse o pastor.
Na sequência, Malafaia passou a atacar a
decisão do STF de liberar as marchas da maconha no Brasil.
"Amanhã se alguém quiser fazer uma marcha em favor da pedofilia, do crack ou da cocaína vai poder fazer. Nós, em nome de Deus, dizemos não."
A multidão, estimada pela Polícia Militar em 1
milhão de pessoas - e pelos organizadores em 5 milhões - foi ao delírio e
respondeu com gritos de "não, não" com os braços levantados para o
céu.
Malafaia ameaçou orientar seus fiéis a não votarem em parlamentares que defendem o Projeto de Lei 122/2006, que criminaliza a homofobia no País. "Ninguém aqui vai pagar de otário, de crente, não. Se for contra a família não vai ter o nosso voto", ameaçou.
Malafaia ameaçou orientar seus fiéis a não votarem em parlamentares que defendem o Projeto de Lei 122/2006, que criminaliza a homofobia no País. "Ninguém aqui vai pagar de otário, de crente, não. Se for contra a família não vai ter o nosso voto", ameaçou.
O pastor defendeu a desobediência por parte de
pastores caso o PL 122 seja aprovado. "Eles querem aprovar uma lei para dizer
que a Bíblia é um livro homofóbico e botar uma mordaça em nossa boca. Se
aprovarem o PL 122 no mesmo dia, na mesma hora, tudo quando é pastor vai pregar
contra a prática homossexual. Quero ver onde vai ter cadeia para botar tanto
pastor."
Lixo moral'
Malafaia classificou como "lixo moral" as
pessoas que questionam a interferência das igrejas em assuntos do governo e,
embora tenha dito que não tem objetivo de instaurar um estado evangélico no
Brasil, "os países mais práticos e as democracias mais evoluídas do mundo tem
origem no protestantismo".
Já Crivella adotou um tom mais ameno em relação
aos direitos civis dos homossexuais, mas foi duro em relação ao STF que, segundo
ele, está agindo politicamente e se imiscuindo em temas que dizem respeito ao
Legislativo. "O Congresso tem que se levantar contra o ativismo político do STF.
Só o Congresso pode detê-los", afirmou o senador.
A contrariedade maior de Crivella é em relação
ao ministro Ayres Brito. "Fui o relator do processo de aprovação do Ayres Britto
no Senado e na época alguns colegas me alertaram que ele tem pretensões
políticas mas não dei ouvidos. Ele foi candidato a deputado pelo PT de Sergipe e
não foi eleito. Agora quer se vingar do povo sergipano e levar na mão grande",
acusou. Segundo ele, o Congresso trabalha em um projeto de lei que contemple
tanto os direitos civis gays quanto os dos pastores evangélicos de pregarem
contra a prática homossexual. "O que não pode é querer fazer na marra. Aí
desencadeia reações radicais como a que vimos agora a pouco", disse ele, em
referência a Malafaia.
O apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja
Renascer, organizador da marcha, reafirmou o caráter estritamente religioso do
evento e disse que manifestações como as de Malafaia e Crivela são opiniões
pessoais. Apesar disso, admitiu ser contra o "casamento gay" e a liberação da
maconha. Questionado por um repórter sobre o qual fator pesa mais na
desagregação da família, o homossexualismo ou o crime de evasão de divisas, pelo
qual foi condenado a pena de 140 dias de prisão nos EUA, o apóstolo mudou de
assunto.
'A serviço de satanás'
Entre os milhares de pessoas que participaram
da marcha, os temas polêmicos também foram os assuntos principais. A reportagem
do iG abordou um grupo de oito jovens que veio de Cidade Adhemar para a
marcha e perguntou quais as opiniões deles sobre direitos homossexuais,
homofobia, aborto e legalização da maconha. Com visual moderno, estilo emo,
todos disseram ser contra a união civil de pessoas do mesmo sexo, aborto e
legalização das drogas e defenderam os pastores que consideram o homossexualismo
uma prática pecaminosa.
"Quem defende o homossexualismo e a maconha
está aqui a serviço de Satanás", disse o auxiliar de informática Natanael da
Silva Santos, de 19 anos, que foi à marcha usando calça apertada, cinto de
taxinhas e a tradicional franja emo. Enquanto a reportagem entrevistava os
jovens, a aposentada Jovelina das Cruzes, de 68 anos, ouviu a conversa e fez uma
intervenção. "Vocês estão falando sobre o que não conhecem. Meu sobrinho é gay e
é um rapaz maravilhoso. Ótimo filho, muito educado, muito honesto e estudioso.
Já o meu filho é machão e vive batendo na esposa, não respeita ninguém, não para
no emprego."
Quando Jovelina virava as costas para continuar
a marcha Natanael, que não se deu por vencido, fez uma observação. "Cuidado,
tia. Se o pastor escuta a senhora falando uma coisa dessas ele não deixa mais a
senhora entrar na igreja". E Jovelina respondeu. "Igreja é o que não falta por
aí. Se me impedirem de ir em uma, vou em outra. Não tem
problema."
Fonte: IG
2 comentários:
esse silas malafaia tem que ser prezo!
ja que querem tirar o direito dos gays tirem tanbem o direito de votar deles ja que eles nao tem nenhuma lei que os defenda!
Esses evangelicos sao movidos por pastores politicos que lucram com comercio da fé ,
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