Para analistas, a presidenta quer proteger o ministro Palocci. Foto de Wilson Dias/Agência Brasil |
Após protestos das bancadas religiosas no
Congressso, a presidente Dilma Rousseff determinou nesta quarta-feira (25) a
suspensão do "kit anti-homofobia", que estava sendo elaborado pelo Ministério da
Educação para distribuição nas escolas, informou o ministro da Secretaria-Geral
da Presidência, Gilberto Carvalho.
"O governo entendeu que seria prudente não
editar esse material que está sendo preparado no MEC. A presidente decidiu,
portanto, a suspensão desse material, assim como de um vídeo que foi produzido
por uma ONG - não foi produzido pelo MEC - a partir de uma emenda parlamentar
enviada ao MEC", disse o ministro, após reunião com as bancadas evangélica,
católica e da família.
Segundo ele, a presidente decidiu ainda que
todo material que versar sobre "costumes" terá de passar pelo crivo da
coordenação-geral da Presidência e por um amplo debate com a sociedade civil. "O
governo se comprometeu daqui para frente que todo material que versará sobre
costumes será feito a partir de consultas mais amplas à sociedade",
afirmou.
Segundo o ministro, a determinação do governo
não é um "recuo" na política de educacional contrária à homofobia.
"Não se trata de recuo. Se trata de um processo
de consulta que o governo passará a fazer, como faz em outros temas também,
porque isso é parte vigente da democracia", disse.
De acordo com Carvalho, Dilma vai se reunir
nesta semana com os ministros da Educação, Fernando Haddad, e da Saúde,
Alexandre Padilha, para tratar do material didático.
"A presidenta vai fazer um diálogo com os
ministros para que a gente tome todos os devidos cuidados. Em qualquer área do
governo estamos demandando que qualquer material editado passe por um crivo de
debate e de discussão e da coordenação da Presidência."
Retaliação suspensa
Diante da decisão de Dilma, o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PR-RJ), que participou da reunião com Carvalho, afirmou que estão suspensas as medidas anunciadas pelas bancadas religiosas em protesto contra o "kit anti-homofobia".
Em reunião, os parlamentares haviam decidido
colaborar com a convocação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, para que
ele explique sua evolução patrimonial.
O ministro Gilberto Carvalho negou ter pedido
que os parlamentares desistissem de trabalhar pela convocação de Palocci diante
da decisão da presidente sobre o "kit anti-homofobia".
"Isso é uma posição deles. Nós falamos para
eles que, em função desse diálogo, que eles tomassem as atitudes que eles
achassem consequentes com esse diálogo. Eles é que decidiram suspender aquelas
histórias que eles estavam falando. Não tem toma lá da cá, não", afirmou.
Os deputados também ameaçaram obstruir a pauta
da Câmara e abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a
contratação pelo MEC da ONG que elaborou a cartilha.
“Ele [Gilberto Carvalho] disse que tem a
palavra da presidente da República de que nada do que está no material é de
consentimento dela. Mas nós acordamos que ele falará. E nós suspendemos a
obstrução e todas as nossas medidas”, afirmou Garotinho.
Fonte: G1
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