Entidades do movimento negro, de mulheres e de defesa dos homossexuais fizeram um ato político na tarde desta quarta-feira (13/4), no Centro de Salvador, para pedir cassação do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), pelas declarações racistas e homofóbicas feitas no programa CQC da Band, no dia 29 de março. O protesto aconteceu em frente à sede da seção Bahia da Ordem dos Advogados do Brasil, em Salvador (BA).
De posse de suas bandeiras e de um manifesto de
repúdio às declarações do parlamentar, os participantes se fizeram ouvir através
do carro de som ou pelo material, entregue a todos os transeuntes. “Eu considero
este um ato muito grandioso, pois apesar do curto tempo de duração, conseguiu
reunir pessoas de diversas entidades e frentes de luta contra o preconceito, o
racismo e a homofobia. Foram grandes representações da cidade de Salvador, da
juventude, das mulheres, do movimento cultural, do movimento gay e lésbico, de
parlamentares. Nós conseguimos falar para uma população que muitas vezes não
sabia do fato, porque não tem acesso à internet ou não assistiu ao programa da
Band. E o povo tomou, leu e aderiu ao manifesto. Isto é muito importante”,
afirmou Ubiraci Matildes, da direção da Unegro e do Fórum Nacional de Mulheres
Negras, entidades que foram as principais articuladoras do ato.
O Grupo Gay da Bahia (GGB) também participou da
manifestação, levando a bandeira do arco-íris, sua marca registrada. No
microfone, o antropólogo Luiz Mott, um dos fundadores do grupo, falou da
importância de reconhecermos o outro como igual e de protestar contra toda e
qualquer forma de preconceito. “Quando a gente conhece o outro, entende que o
branco, o negro, o gay, a lésbica, todos são iguais e fazem parte da grande raça
humana. A Bahia, aqui representada pelo movimento negro e o movimento
homossexual, protesta. Nós não permitimos que este desrespeito continue
acontecendo. Direitos valem para todos, para os negros, para os homossexuais e
para as mulheres”, declarou Mott.
Este é o mesmo posicionamento da Negritude
Socialista, movimento negro do PSB. “Estamos aqui, porque discordamos de tudo de
ruim que vem acontecendo em nosso município, em nosso estado, em nosso país. A
fala de Bolsonaro, por exemplo, nos fez vir às ruas, na medida em que
entendemos, que a fala e ações dele, como tantas outras, tem que nos trazer para
as ruas, porque temos que nos rebelar e tirar-lhe o mandato, que vem sendo
exercido de forma muito prejudicial para o povo brasileiro”, disse Jorge
Eumawilyê, coordenador nacional da Negritude Socialista.
Representado no evento pelo presidente do
Comitê Municipal, Geraldo Galindo, e por diversos militantes, o PCdoB fez
questão de manifestar sua solidariedade e apoio às entidades que promoveram o
ato e de deixar bem claro seu repúdio ao episódio. “O PCdoB considera que todo
ato de intolerância deve ser combatido. O partido repele esta intolerância
contra as mulheres, contra os homossexuais, contra os negros. No Congresso
Nacional, defendemos todas estas bandeiras libertárias, bem como a punição de
todos aqueles que perseguem, que têm ódio daqueles que exercem a sua livre opção
sexual. O nosso partido defende no Congresso, uma punição vigorosa para todos
aqueles que praticam crime de racismo, de homofobia e de machismo”, enfatizou
Galindo.
O comunista repudiou também alguns setores da
imprensa que tem defendido o Jair Bolsonaro, com o argumento de que ele tem a
liberdade de expressão para usar as suas opiniões. “Esta liberdade de expressão
não pode se sobrepor a outras cláusulas que existem na nossa Constituição, que é
a defesa contra o racismo, a homofobia e contra as minorias. Ele tem o direito
de se manifestar, mas não pode se sobrepor às leis, portanto ele deve ter o
mandato cassado”, concluiu Galindo.
Em mais uma ação em defesa dos direitos dos
homossexuais, o PCdoB estará reunindo no próximo dia 28 de abril, às 19h, os
militantes da luta contra a homofobia. O encontro acontece na sede do partido,
na rua do Salete, 330, nos Barris, sendo aberto a todos que queiram militar pela
causa, independentemente de sua orientação sexual.
0 comentários:
Postar um comentário