I. NÃO HÁ O TERMO HOMOSSEXUAL NA BÍBLIA
Não há, na Bíblia, nenhuma só vez as palavras homossexual, lésbica ou
homossexualidade. Todas as Bíblias que empregam estas expressões estão
erradas e mal traduzidas. A palavra homossexual só foi criada em 1869,
reunindo duas raízes lingüísticas: Homo (do Grego, significando "igual") e
Sexual (do latim). Portanto, como a Bíblia foi escrita entre 2 e 4 mil anos
atrás, não poderiam os escritores sagrados terem usado uma palavra
inventada só no século passado. Se em tua bíblia aparece o termo homossexual, está errada. Elementar, irmão!
II. ANTIGUIDADE DA HOMOSSEXUALIDADE
A prática do amor entre pessoas do mesmo gênero, porém, é muito mais antiga que a própria Bíblia. Há documentos egípcios de 500 anos antes de Abraão, que revelam práticas homossexuais não somente entre os homens, mas também entre os Deuses Horus e Seth. Segundo o poeta e escritor Goethe, "a homossexualidade é tão antiga quanto a humanidade". Certamente, cada tempo com sua experiência singular homossexual, mas com o mesmo direcionar de desejo: o sexo igual.
III. CONDENAÇÃO DA IDOLATRIA
No antigo Oriente, a homossexualidade foi muito praticada. Entre os
Hititas, povo vizinho e inimigo de Israel, havia mesmo uma lei autorizando
o casamento entre homens (1.400 anos antes de Cristo). Como explicar, então,
que, entre as abominações do Levítico, apareça esta condenação: "O homem
que dormir com outro homem como se fosse mulher, comete uma abominação,
ambos serão réus de morte" (Levítico, 18:22 e 20:12). Segundo os mais respeitados Exegetas contemporâneos, (estudiosos das escrituras sagradas), fazia parte da tradição de inúmeras religiões de localidades circunvizinhas a Israel, a prática de rituais religiosos homoeróticos, de modo que esta condenação do Levítico visava fundamentalmente afastar a ameaça daqueles rituais idolátricos e não a homossexualidade em si. Prova disto é que estes versículos condenam apenas a homossexualidade masculina: teria Deus Todo Poderoso se esquecido das lésbicas ou, para Javé, a homossexualidade feminina não era pecado? Considerando que, do imenso número de leis do Pentateuco, apenas duas vezes há suposta referência à homossexualidade (e só à masculina), concluem os Exegetas que a
supervalorização que alguns judeus e cristãos mais fundamentalistas (que querem interpretar as Escrituras ao pé da letra) conferem a este versículos é sintoma claro e evidente da intolerância machista que permeia as sociedades regidas pela tradição abraâmica, um entulho histórico a ser desprezado, e não um desígnio eterno de Javé, do mesmo modo que inúmeras outras abominações do Levítico, como os tabus alimentares (por exemplo, comer carne de porco ou camarão) e os tabus relativos ao esperma e ao sangue menstrual, hoje foram completamente abandonadas e esquecidas. Por que católicos e protestantes conservam somente a condenação da homossexualidade, enquanto abandonaram dezenas de outras proibições decretadas pelo mesmo Senhor? Intolerância machista e ignorância que Freud explica!
IV. DAVI E JÔNATAS: O AMOR HOMOSSEXUAL
Se a homossexualidade fosse prática tão condenável, como justificar a
indiscutível relação homossexual existente entre Davi e Jônatas?! Eis a
declaração do santo rei salmista para seu bem-amado: "Tua amizade me era mais
maravilhosa do que o amor das mulheres. Tu me eras deliciosamente querido!"
(II Samuel, 1:26). Alguns crentes mais intolerantes argumentarão que se tratava apenas de um amor espiritual, ágape, quando muito de “homo-afetividade”. Preconceito primário, pois só as coisas materiais e sensuais costumam ser referidas com a expressão "delicioso", e não resta a sombra da menor dúvida que Davi, em sua juventude, foi adepto do "amor que não ousava dizer o nome". Não foi gratuitamente que o maior escultor de nossa civilização, Miguel Ângelo, ele próprio, também homossexual, escolheu o jovem Davi, nu, como modelo de sua famosa escultura de Florença, na Itália: um gay retratando o mais famoso gay do Antigo Testamento. Negar o amor homossexual entre Davi e Jônatas ("amizade mais maravilhosa que o amor (Eros) das mulheres") é negar a própria evidência dos fatos. "Tendo olhos, não vedes? E tendo ouvido, não ouvis?!" (Marcos, 8:18). Importantes e respeitados Exegetas identificam igualmente como homossexual/lésbica, a relação íntima de Ruth e Naomi. Confira Livro de Ruth, 1:16.
VIII. MÁ TRADUÇÃO DAS EPÍSTOLAS DE SÃO PAULO
Dirão, agora, os crentes mais intolerantes: e as condenações de São
Paulo aos homossexuais? Autorizados exegetas protestantes e católicos -
como Macneill, Thevenot, Noth, Kosnik, e muitos outros, ao examinarem,
cuidadosamente, na língua original, os textos das Epístolas aos Romanos
1:2, I Coríntios 6:9, Colossences 3:5 e I Timóteo 1:10, textos usados pelos fundamentalistas para condenar o amor homossexual, concluíram inequivocamente que, até agora, os cristãos têm dado uma interpretação completamente errada e precoinceituosa a estas passagens. Quando Paulo diz que certas categorias de pecadores não entrarão no Reino dos Céus - ao lado dos adúlteros, bêbados, ladrões etc...muitas Bíblias incluem nesta lista os "efeminados" e "homossexuais". Logo de início, há uma grave injustiça, pois muitos efeminados (assim como muitas mulheres masculinizadas no comportamento) não são necessariamente homossexuais. As mais modernas e abalizadas pesquisas exegéticas concluem que, se o ex-fariseu Paulo de Tarso quisesse condenar especificamente os praticantes do homoerotismo, teria empregado o termo corrente em sua época e de seu pleno
conhecimento, "pederastas". Em vez desta palavra, Paulo usou as expressões
gregas "malakoi", "arsenokoitai" e "pornoi" - que as melhores edições da
Bíblia em português traduzem por "perversores", "pervertidos" e "imorais".
Portanto, foram estes pecadores que Paulo incluiu na lista dos afastados do
Reino dos Céus, e não os "pederastas", e muito menos os "homossexuais",
palavra desconhecida na Antigüidade. Segundo os historiadores, vivendo São
Paulo numa época de grande licenciosidade sexual - tempo de Calígula, Nero
e do Satiricon, esperando o próximo retorno do Cristo e o fim do mundo,
ele condenou, sim, os excessos e abusos sexuais dos povos vizinhos, mas
nunca o amor inocente e recíproco, tal qual o imortalizado por David e Jônatas. Há teólogos protestantes que chegam a diagnosticar Paulo de Tarso como
homossexual latente (alusão feita por ele próprio ao misterioso "espinho na
carne" que tanto o preocupava, além de sua manifesta e cruel "misoginia" ou
desprezo pelas mulheres). E, se a condenação paulina inclui também os bêbados, corruptos, caluniadores, por que atirar tanta pedra somente nos
homossexuais? Também aqui, Freud explica! Os “crentes” por não assumirem o padrão machista dominante, para “limpar a barra” e não serem acusados de pouco masculinos ou mesmo efeminados/homossexuais, atiram pedra nos gays como estratégia diabólica de auto-defesa. Aqui novamente, Freud ou um bom psicanalista ajudariam a solucionar tal neurose. E tem mais: o próprio Filho de Deus disse que "há eunucos que assim nasceram desde o seio de suas mães" (Mateus 19:12), ensinando, num sentido figurado, que faz parte dos planos do Criador que alguns homens tenham uma sexualidade não reprodutora biologicamente. Todos somos imagem de Deus e templos do Espírito Santo. Inclusive aqueles que hoje têm o mesmo gosto erótico do santo Rei Davi – que aliás, entrou em Jerusalém dançando em trajes sumaríssimos (II Samuel, 6:14)
IX. JESUS NUNCA CONDENOU OS AMANTES DO MESMO SEXO
O maior argumento para se comprovar que as Escrituras Sagradas não
condenam o amor entre pessoas do mesmo gênero, é o fato de Jesus Cristo
nunca ter falado nenhuma palavra contra os homossexuais! Se o
"homossexualismo" fosse uma coisa tão abominável, certamente o Filho de
Deus teria incluído esse tema em sua mensagem, e Javé nos dez mandamentos. O que Jesus condenou, sim, foi a dureza de coração, a intolerância dos fariseus hipócritas, a crueldade daqueles que dizem Senhor, Senhor!, mas esquecem da caridade e do respeito aos outros (Mateus, 7:21). E foi o próprio Messias quem deu o
exemplo de tolerância em relação aos "desviados", andando e comendo com
prostitutas, pecadores e publicanos. E tem mais: Jesus Cristo mostrou-se
particularmente aberto à homossexualidade, revelando carinhosa predileção
por João Evangelista, "o discípulo que Jesus amava", o qual, na última
Ceia, esteve delicadamente recostado no peito do Divino Mestre. Há teólogos
que chegam a sugerir que Jesus era homossexual, pois além de nunca ter
condenado o homoerotismo, conviveu predominantemente com companheiros do seu próprio gênero, manifestou particular predileção pelo adolescente João, “o discípulo amado”, nunca se casou, além de revelar muita sensibilidade com as crianças e com os lírios do campo, comportamentos muito mais comuns entre homossexuais do que entre machões. Mais ainda: ao lavar os pés dos discípulos, desempenhou um gesto que homem algum faria, posto que na divisão sexual dos papeis de gênero, lavar os pés de um homem era privativo das mulheres. E Jesus mandou que imitássemos seu exemplo, abençoando assim a diversidade e liberdade dos/as transgêneros e da transexualidade. Outro detalhe importante que mostra o apoio do Filho de Deus à homossexualidade: segundo respeitáveis Exegetas, quando o Evangelho diz que Jesus curou o “escravo do centurião”, na verdade, não se tratava de um escravo qualquer, mas do “escravo amante” do centurião romano (Mateus, 8;5-8), comprovando inclusive o apoio de Cristo à união entre pessoas do mesmo sexo! Neste sentido, o ensinamento do Discípulo Amado não podia ser
mais claro: "Filhinhos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus
e tudo o que é amor é nascido de Deus e conhece a Deus" (I João, 4:4).
X. OS FUNDAMENTALISTAS DETURPAM AS SAGRADAS ESCRITURAS
A Bíblia é um livro muito antigo, repleto de imagens simbólicas,
parábolas e figurações. Interpretar as Escrituras ao pé da letra é fundamentalismo, isto é, ignorância, fanatismo e grave pecado, pois o próprio Filho de Deus garantiu:"Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora”.
Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á a verdade"
(João, 16:12). Do mesmo modo como os cientistas Galileu ensinou-nos a verdade de que o sol, e não a terra, é o centro do nosso sistema planetário, e Darwin a respeito da evolução das espécies, ambos corrigindo a Bíblia e opondo-se à crença errada dos cristãos de sua época, assim também hoje todos os ramos da Ciência, da biologia à genética, da antropologia à psicologia, garantem que a homossexualidade é um comportamento normal, saudável e tão digno ética e moralmente como a heterossexualidade ou a bissexualidade. Negar esta evidência científica é repetir a mesma ignorância intolerante do Papa que condenou Galileu. Não devemos temer a verdade que liberta, pois o próprio Jesus nos mandou imitar "o escriba instruído nas coisas do Reino dos Céus, que como um pai de família, tira de seu tesouro coisas novas e velhas" (Mateus, 13:52). Mesmo que o Papa ou grande parte dos rabinos e pastores continuem a negar os direitos humanos dos gays e lésbicas, mesmo que cristãos ignorantes continuem a repetir as ultrapassadas abominações do Velho Testamento e as traduções erradas das epístolas paulinas, para os
verdadeiros crentes o que vale é o exemplo do Filho de Deus, Jesus Cristo,que nunca condenou os homossexuais. "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará!" (João, 8:32).
2 comentários:
fiz uma matéria sobre seu blog!!
veja:
http://annemanni.blogspot.com/2010/12/blog-ungido-grupo-contra-preconceito.html
"Sabe-se muito bem que é dificílimo erradicar preconceitos dos corações cujos solos nunca foram revolvidos ou fertilizados pela educação: preconceitos crescem ali firmes como erva daninha entre pedras." (Charlotte Brontë)
Léo Santos JPT
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